O que é hipotireoidismo?
Hipotireoidismo é um distúrbio que cursa com a
falta de hormônio da tireóide (“tireóide preguiçosa”). O hipotireoidismo é a
doença mais comum da tireóide. Ocorre mais freqüentemente em mulheres que em
homens, é mais comum em pessoas de mais idade, e pode ter uma característica
familial (atingir vários membros de uma mesma família).
Quais são os sintomas do hipotireoidismo?
O hipotireoidismo pode ter vários sintomas, visto
que os hormônios da tireóide são importantes para regular o funcionamento de
praticamente todos os órgãos e sistemas do corpo. Quando os níveis de
hormônios tireoidianos (T3 e T4) se tornam
anormalmente baixos por algum motivo, todos os processos do corpo se tornam mais
lentos. Por isso, os sintomas do hipotireoidismo incluem:
1.
cansaço excessivo;
2.
desânimo, ou até mesmo depressão;
3.
raciocínio lento;
4.
fala arrastada;
5.
sensação de frio excessivo;
6.
ganho de peso (geralmente, em torno de 3 a 5 Kg);
7.
pele seca e cabelos finos e quebradiços;
8.
inchaço nas pernas ou ao redor dos olhos;
9.
pouca sudorese;
10.
intestino preso e digestão lenta;
11.
irregularidade das menstruações (às vezes, sangramento excessivo);
12.
infertilidade;
13.
batimento lento do coração (menos que 60 batimentos por minuto);
14.
aumento do colesterol.
Esses sintomas não são exclusivos do
hipotireoidismo. Ou seja, vários outros problemas de saúde podem causar
sintomas bastante semelhantes aos do hipotireoidismo. Por isso, algumas vezes
os sintomas são atribuídos a outras doenças que podem apresentar algumas
manifestações semelhantes, tais como: anemia, depressão e deficiência de
vitaminas, e o diagnóstico de hipotireoidismo pode ser feito anos após o
início das queixas do paciente. Felizmente, hoje em dia os médicos conhecem
melhor as características do hipotireoidismo e fazem o diagnóstico mais
precocemente.
Quais são as causas do hipotireoidismo?
Nos adultos, a causa mais comum de
hipotireoidismo é um distúrbio chamadotireoidite de Hashimoto, ou
simplesmente doença de Hashimoto. Nessa doença, o sistema de
defesa do organismo (sistema imunológico) ataca a glândula tireóide e causa
dano a essa glândula, comprometendo a sua capacidade de produzir hormônios
tireoidianos. Por isso, a doença de Hashimoto faz parte de um grupo de
doenças chamadas auto-imunes.
O hipotireoidismo pode ser causado também por tratamentos médicos que reduzem
a capacidade da tireóide produzir hormônio, como, por exemplo: o uso de iodo
radioativo (para tratamento de hipertireoidismo, que é o oposto do
hipotireoidismo) ou a cirurgia, com retirada parcial ou total da
tireóide (para tratamento de outros problemas nessa glândula). Leia mais
sobre hipertireoidismo clicando aqui.
Outra causa de hipotireoidismo, bastante rara, é a presença de alguma doença
dahipófise, levando à redução da produção do TSH, o
hormônio que estimula o funcionamento da tireóide. Algumas medicações também
podem levar à redução da produção ou da ação dos hormônios tireoidianos e,
portanto, provocar hipotireoidismo (por exemplo: amiodarona, xaropes para
tosse contendo iodo, carbonato de lítio).
Há casos, ainda, em que a tireóide não se desenvolve adequadamente e a
criança apresenta deficiência de hormônios tireoidianos desde o nascimento; é
o chamadohipotireoidismo congênito, que geralmente é diagnosticado já
no berçário através do teste do pezinho.
Quais as conseqüências do hipotireoidismo?
Em adultos, o hipotireoidismo (se não for tratado
corretamente) leva a uma significativa redução da sua performance física e
mental, além de poder causar elevação dos níveis de colesterol, que aumentam
as chances de algum problema cardíaco. Além disso, o hipotireoidismo severo,
sem tratamento, pode evoluir ao longo do tempo até uma situação dramática e
com grande risco de vida, o chamadocoma mixedematoso, que se apresenta
como redução da temperatura corporal, perda de consciência e mau
funcionamento do coração.
O diagnóstico de hipotireoidismo é especialmente importante quando é feito
durante a gestação, pois a falta de hormônios tireoidianos pode afetar
profundamente o desenvolvimento do bebê, provocando retardo mental e atraso
do crescimento. No entanto, esses problemas para o bebê são prevenidos pelo
tratamento precoce da mãe com a reposição de hormônio tireoidiano.
Como é feito o diagnóstico de hipotireoidismo?
Geralmente o diagnóstico é confirmado através de
um simples exame de sangue. Os exames que ajudam no diagnóstico do
hipotireoidismo são: a dosagem de TSH(que é um hormônio produzido
pela hipófise, e que estimula o funcionamento da tireóide), e a dosagem de hormônios tireoidianos (T4 e T3).
Classicamente, o diagnóstico de hipotireoidismo é
feito quando o paciente apresenta TSH aumentado e T4 baixo no sangue.
Entretanto, em casos muito leves de hipotireoidismo, ou quando este está
apenas no início, pode-se encontrar TSH aumentado com T4 normal. Ou seja, o
nível de TSH aumenta antes que o nível de T4 caia abaixo do normal. Essa
situação, em que o TSH está elevado com T4 normal, é chamada de hipotireodismo
subclínico. Entre os dois exames de sangue, o TSH é o mais importante, já
que o T4 pode variar mais de um dia para o outro ou de uma coleta para a
outra; por isso o médico vai prestar mais atenção ao TSH do que ao T4 para
fazer o diagnóstico de hipotireoidismo.
TIREÓIDE NORMAL
TSH e T4 normais
HIPOTIREOIDISMO INICIAL OU LEVE (SUBCLÍNICO)
TSH alto e T4 normal
HIPOTIREOIDISMO INSTALADO (CLÍNICO)
TSH alto e T4 baixo
Outro exame que pode trazer alguma informação é a
dosagem de anticorposcontra a tireóide, que geralmente estão
aumentados quando a causa de hipotireodismo é a doença de Hashimoto. Os
anticorpos que podem ser dosados em laboratório são o anti-tireoperoxidase (ou anti-TPO)
e o anti-tireoglobulina (ouanti-TG).
Como é tratado o hipotireoidismo?
O hipotireoidismo é a falta de hormônio
tireoidiano. Portanto, o tratamento é feito com a reposição desse hormônio,
na forma de comprimidos tomados por via oral. A medicação de escolha é
a levotiroxina, que é uma forma farmacológica do hormônio T4.
Depois do início da medicação, o paciente comumente leva cerca de 2 semanas
para sentir uma melhora importante dos sintomas do hipotireoidismo (podendo
ser um pouco mais em casos mais graves).
A levotiroxina deve ser tomada todos os dias, pela manhã, para reproduzir o
funcionamento normal da tireóide. Um cuidado importante é tomá-la em
jejum (no mínimo 30 minutos antes do café da manhã), porque a
ingesta de alimentos junto com a medicação diminui muito a sua absorção pelo
intestino e, portanto, a sua eficácia.
Existem várias marcas de levotiroxina no mercado brasileiro, e todas são
igualmente efetivas. No entanto, pode haver pequenas diferenças de ação entre
uma marca e outra. Por isso, quando uma pessoa começou a usar uma marca de
levotiroxina, deve preferencialmente continuar com a mesma marca (a não ser
que o médico resolva trocar a medicação por algum motivo). Outro cuidado
importante com a levotiroxina é que ela não deve ser manipulada,
porque os comprimidos contêm quantidades muito pequenas do hormônio
tireoidiano e nem sempre as farmácias de manipulação conseguem colocar a
quantia exata do hormônio dentro das cápsulas.
Na maioria das vezes, as pessoas que têm hipotireoidismo precisam fazer o
tratamento com levotiroxina para o resto da vida, mas em alguns casos a
tireóide volta a funcionar normalmente depois de alguns meses. Se, por algum
motivo, a medicação precisar ser trocada, é importante checar os níveis de
TSH com exames de sangue após a troca do remédio, para garantir que a dose
está sendo adequada.
Existem comprimidos de levotiroxina com várias doses diferentes, disponíveis
nas farmácias (25, 50, 75, 88, 100, 112, 125, 150, 175 e 200mcg). O ajuste da
dose da medicação é feito com base nas dosagens de TSH, o qual deve ser
mantido dentro dos valores normais se possível. Se as doses de levotiroxina
estiverem muito baixas para as necessidades do paciente, este pode não sentir
melhora dos sintomas do hipotireoidismo ou voltar a apresentá-los. Se as
doses estiverem muito altas, o paciente pode desenvolver hipertireoidismo (excesso
de hormônio tireoidiano), que leva, a longo prazo, a enfraquecimento dos
ossos, funcionamento anormal do coração e arritmias cardíacas, entre outros
problemas. (Leia mais sobre hipertireoidismo clicando aqui.)
A necessidade de levotiroxina pode flutuar ao longo do tempo, dependendo de
fatores como: outras doenças, gravidez, menopausa e uso de outras medicações.
Por essa razão, é recomendável que o paciente com hipotireoidismo seja
acompanhado regularmente por um médico, com exames de TSH e ajuste da dose da
medicação se necessária.
Então, quem tem hipotireoidismo é uma pessoa
doente para a vida toda?
Pessoas com hipotireoidismo precisam fazer o
tratamento correto, com o uso diário de levotiroxina na dose mais adequada
para sua situação. Se estiverem usando a medicação regularmente, e dessa
forma mantendo os níveis de TSH dentro dos valores normais, elas podem ter
uma vida saudável, feliz e completamente normal.
No entanto, se o hipotireoidismo não for tratado corretamente, ele pode se
tornar um problema sério de saúde, comprometer a capacidade da pessoa
realizar suas tarefas e até mesmo representar um risco de vida em casos
extremos.
Em que casos uma pessoa deve fazer exames para avaliar a tireóide?
Nem todas as pessoas precisam fazer exames de
sangue para avaliar se a tireóide está funcionando corretamente. O médico é
quem determina se alguém precisa ou não fazer uma dosagem de TSH, mas existem
algumas situações em que é necessária essa avaliação, como, por exemplo:
1.
sintomas sugestivos de hipotireoidismo ou hipertireoidismo;
2.
outras pessoas na família com doenças da tireóide;
3.
gravidez.
Alguns especialistas recomendam ainda que todas
as mulheres com mais de 60 anos deveriam fazer pelo menos um exame de TSH,
mesmo na ausência de sintomas, visto que o hipotireoidismo é muito comum
nesse tipo de população, mas este ainda é um assunto controverso.
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