Diferença entre Filipos e Macedônia
Filipos
A cidade de Filipos leva o nome de
Filipe II, rei da Macedônia, fundada por ele em 356 a.C. Antes, existia nesse lugar um vilarejo tracianoconhecido pelo nome grego Krenides ("fontes"),
que em 361 a.C. foi tomado por colonos da ilha
de Tasos, comandados por um exilado ateniense
chamado Calistrato. O maior atrativo
desse lugar era o fato de localizar-se nas proximidades das minas de ouro do
monte Pangéus, que Filipe fez questão de controlar
ao fundar de novo a cidade. Filipos tinha também importância estratégica por
constituir a rota terrestre para o Helesponto (Dardanelos) eBósforo, e portanto, para o interior da
Ásia. Lucas descreve Filipos como "a primeira cidade dessa região da
Macedônia" — isto é, o primeiro entre quatro distritos em que a Macedônia
fora dividida pelos romanos, em 167 a.C. — e acrescenta que se tratava
de uma colônia romana (At 16:12). A cidade foi
transformada em colônia em 42 a.C, pelos líderes romanos
Antônio e Otaviano, após obterem vitória ali sobre Bruto e Cássio, os
assassinos de Júlio César. Os comandantes vitoriosos estabeleceram um batalhão
de soldados veteranos em Filipos. Doze anos mais tarde Otaviano, havendo por
sua vez derrotado ali as tropas de Antônio na batalha de Actium, instalou na área parte das tropas desbaratadas de Antônio, bem como
algumas famílias, às quais despojou a fim de estabelecer também seus próprios
soldados veteranos, dando à cidade seu próprio nome: Colônia Júlia Filipense. Três anos depois, quando Otaviano assumiu o título de Augusto, o nome
da cidade foi ampliado: Colônia Júlia Augusta Filipense.
Os cidadãos de
qualquer colônia romana eram automaticamente cidadãos romanos; a constituição de
uma colônia romana seguia o modelo da cidade-mãe, Roma, havendo um colegiado de
dois magistrados na liderança. Na maior parte das colônias esses magistrados
eram oficialmente conhecidos como duo uiri (ou duumuiri iuri dicundo, "dois homens
que administram justiça"). Noutras colônias, todavia, preferiam ser chamados
pelo título mais distinto de pretor; falando, por exemplo, dos
magistrados-chefes de Cápua, na Itália, Cícero observou que "embora sejam
denominados duo uiri nas outras colônias,
estes querem ser chamados de pretores." Parece que isso também era verdade
quanto aos magistrados-chefes de Filipos: Lucas se refere a eles usando um
termo grego strategoi, equivalente ao
título de "pretores" (At 16:22, 35, 36, 38), que
ECA traduz "magistrado".
À semelhança dos magistrados-chefes de
Roma, os das colônias romanas eram acompanhados pelos lictores, que possuíam
fasces, ou molhos de varas, símbolos do cargo. Os lictores que atendiam aos
pretores filipenses surgem na narrativa de Lucas sob a designação grega
equivalente: rhabdouchoi, literalmente
"seguradores de varas", que ECA traduz "quadrilheiros" (At 16:35,38).
Macedônia
Macedônia, território a que Filipos pertencia, era antigo reino da
península balcânica, que se limitava ao sul com a Thessália, e a este e nordeste com a Trácia. Quando os persas
invadiram a Europa, nos inícios do século quinto a.C, os reis da Macedônia colaboraram com os invasores e por isso
conseguiram certa independência limitada para si próprios.
Apesar disso, o rei macedônico
Alexandre I ajudou secretamente as regiões gregas mais distantes, ao sul, que
foram atacadas por Xerxes em 480 a.C. Tanto Alexandre I como seus sucessores patrocinaram a cultura
grega; o próprio Alexandre, como príncipe coroado da Macedônia, teve permissão
para competir nos jogos olímpicos (abertos apenas aos gregos), visto que sua
família afirmava descender de Argive.
Por volta do quarto século a.C, a Macedônia fazia parte do mundo grego no que se referia à maior parte
das questões práticas. Filipe II da Macedônia (359-336 a.C), mediante diplomacia e conquistas militares, tornou-se senhor das
cidades-estados da Grécia. Após seu assassinato, seu filho Alexandre III
(Alexandre, o Grande) herdou o domínio greco-macedônico, fazendo dele a base
para a conquista da parte ocidental da Ásia (do extremo leste, até o vale do
rio Indo) e Egito. Todavia, com a divisão do império de Alexandre, logo após
sua morte em 323 a.C, a Macedônia tornou-se
outra vez um reino separado.
O reino da Macedônia entrou em conflito
com os romanos quando Filipe V (221-179 a.C.) celebrou um tratado com o inimigo
deles, Aníbal, durante a segunda guerra cartaginesa. Os romanos foram capazes
de suscitar muitas encrencas para Filipe, no lado ocidental do Adriático, de
modo que Filipe permaneceu ocupado o tempo todo, enquanto seu tratado com
Aníbal deixou de surtir efeito. Quando a segunda guerra cartaginesa
aproximou-se do fim, estando Aníbal morto, os romanos
encontrara um pretexto para declarar guerra a Filipe. Essa guerra findou em 197 a.C com a derrota de
Filipe em Cinocefália, na Thessália central. Daí em diante ele foi obrigado a limitar
seu governo à Macedônia, sem poder interferir nos assuntos das cidades-estados
gregas mais distantes, ao sul. Perseu, filho de Filipe, por sua vez atraiu as
suspeitas de Roma, as quais foram incrementadas pelo seu inimigo, o rei de
Pérgamo, e aliado de Roma. Seguiu-se a terceira guerra macedônica (como é
chamada pelos historiadores romanos), terminando em 168 a.C. com a vitória dos romanos em Pidna, cidade litorânea ao
sul da Macedônia. Foi quando os romanos aboliram a dinastia real da Macedônia e
dividiram o reinoem quatro repúblicas.
Entretanto, em 149 a.C, um aventureiro chamado Andrisco, declarando ser filho de Perseu, reunificou a Macedônia sob seu
comando, por um curto período. Quando os romanos abateram Andrisco, em 148 a.C, decidiram que a única
ação a ser tomada com respeito à Macedônia seria anexá-la a uma província. As
quatro repúblicas que vinte anos antes haviam sido estabelecidas, permaneceram como distritos geográficos retendo, porém, pouca
importância política.
A fim de consolidar o poderio sobre a
nova província, os romanos construíram uma enorme estrada militar, a via Inácia, partindo de Apolônia eDirráquio, no Adriático, até Tessalônica; mais tarde estendeu-se para o leste, até Filipos, e a seu porto Neápolis (a moderna Cavala), e mais tarde até Bizâncio.
A Macedônia tornou-se assim uma base
para maior expansão do poderio romano. Em 27 a.C, ela se tornou província senatorial, pelo imperador Augusto. Seu
sucessor, Tibério, colocou-a sob seu controle direto, como província imperial,
em 15 d.C, mas Cláudio a devolveu ao senado em 44
d.C.
O procônsul (assim se chamava o governador de uma província
senatorial) tinha sua sede administrativa em Tessalônica.
Obrigada a todos Ana Paula
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