Aborto, o grito silencioso
dos que não nasceram
A questão do aborto esteve no topo da lista das grandes discussões
políticas em nossa nação. Este é um assunto solene, que merece nossa maior
atenção. Não devemos ser frívolos em sua análise. O aborto sempre foi e ainda é
assunto de debates entre juristas e legisladores; é tema da ética cristã que
exige um posicionamento da igreja. Algumas ponderações precisam ser feitas no
trato dessa matéria: Quando começa a vida? Quem tem o direito de decidir sobre
a interrupção da vida? Em que circunstâncias um aborto pode ser justificado? O
que a Palavra de Deus tem a dizer sobre o assunto? Não queremos, neste artigo,
discutir aqueles casos de exceção, onde a medicina e a ética cristã precisam
fazer uma escolha entre a vida da mãe ou do nascituro. Queremos, sim, alertar
para a prática indiscriminada e irresponsável do aborto, fruto muitas vezes, de
uma conduta imoral.
Embora seja ainda matéria de discussão, é consenso geral que a vida
começa com a fecundação. A ciência apresenta o fato de que a vida humana inicia
com a fecundação e termina com a morte. Desde a concepção, todos os componentes
da vida já estão potencialmente presentes para o seu pleno desenvolvimento. É
desse óvulo fertilizado que se desenvolve o ser humano pleno, corpo e alma. Na
perspectiva bíblica, Deus é o autor da vida e ele mesmo é quem forma o nosso
interior e nos tece no ventre da nossa mãe. É Deus quem nos forma de maneira
assombrosamente maravilhosa. O salmista diz: “Os meus ossos não te foram encobertos,
quando no oculto fui formado e entretecido como nas profundezas da terra. Os
teus olhos me viram a substância ainda informe, e no teu livro foram escritos
todos os meus dias, cada um deles escrito e determinado, quando nem um deles
havia ainda” (Sl 139.15,16). A Bíblia fala do ser antes do nascer. Davi diz:
“Eu nasci na iniqüidade, e em pecado me concebeu minha mãe” (Sl 51.5). Jó
descreve sua existência pré-natal afirmando: “Porventura não me vazaste como
leite e não me coalhaste como queijo? De pele e carne me vestiste, e de ossos e tendões me entreteceste” (Jó 10.10).
Fica claro na perspectiva da Escritura, que a vida começa na concepção.
A lei de Deus é enfaticamente clara: “Não matarás” (Ex 20.13). Deus é o
autor da vida e só ele tem autoridade para tirá-la (1Sm 2.6). A decisão acerca
do aborto não pode ser apenas uma discussão restrita à mãe e ao seu médico. O
direito à vida é um direito sagrado e deve ser amplamente discutido, sobretudo,
à luz da ética cristã. O aborto é a eliminação de uma vida. É um assassinato. E
o mais grave: um assassinato com requintes de crueldade. O aborto é matar um
ser indefeso, incapaz de proteger-se. É tirar uma vida que não tem sequer o
direito de erguer a voz e clamar por socorro. Ah! Se os milhões de crianças que
não chegaram a nascer pudessem gritar aos ouvidos do mundo, ficaríamos
estarrecidos diante dessa barbárie. Ficamos chocados com o Holocausto, onde
seis milhões de judeus foram mortos nos campos de concentração e nos paredões
de fuzilamento. O aborto, entretanto não é menos perverso. O ventre materno em
vez de ser um refúgio da vida, torna-se o corredor da morte; em vez de ser o
berço da proteção, torna-se o patíbulo da tortura; em vez de ser o reduto mais
sagrado do direito à vida, torna-se a arena mais perigosa da morte. O aborto é
um crime com vários agravantes, pois não raro, a criança em formação é
envenenada, esquartejada e, sugada do ventre como uma verruga pestilenta e
indesejável. Oh, que Deus tenha misericórdia da nossa sociedade! Que Deus tenha
piedade daqueles que legislam! Que Deus tenha compaixão daqueles que favorecem
ou praticam tamanha crueldade!
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