sexta-feira, 12 de julho de 2013

Continuação do livro HERÓIS DA FÉ do autor Orlando Boyer.



O Soluço de um bilhão de almas (pagina 11)

Diz-se que Martinho Lutero tinha um amigo íntimo, cujo nome era Miconio. Ao ver Lutero sentado dias a fio trabalhando no serviço do Mestre, Miconio ficou penalizado e disse-lhe: "Posso ajudar mais onde estou; permanecerei aqui orando enquanto tu perseveras incansavelmente na luta." Miconio orou dias seguidos por Lutero. Mas enquanto perseverava em oração, começou a sentir o peso da própria culpa. Certa noite sonhou com o Salvador, que lhes mostrou as mãos e os pés. Mostrou-lhe também a fonte na qual o purificara de todo pecado. 'Segue-me!" disse-lhe o Senhor,levando-o para um alto monte de onde lhe apontou para o nascente. Miconio viu uma planície que se estendia até o longínquo horizonte. Essa vasta planície estava coberta de ovelhas, de muitos milhares de ovelhas brancas. Somente havia um homem, Martinho Lutero, que se esforçava para apascentar a todas. Então o Salvador disse a Miconio que olhasse para o poente; olhou e viu vastos campos de trigo brancos para ceifa. O único ceifador, que lidava para cegá-lo, estava quase exausto, contudo persistia na sua tarefa. Nessa altura, Miconio reconheceu o solidário ceifeiro, seu bom amigo, Martinho Lutero! Ao despertar do sono, tomou esta resolução: 'Não posso ficar aqui orando enquanto Martinho se afadiga na obra do Senhor. As ovelhas deve ser pastoreadas; os campos têm de ser ceifados. Eis-me aqui, Senhor; envia-me a mim!" Foi assim que Miconio saiu para compartilhar do labor de seu fiel amigo. 
Jesus nos chama para trabalhar e orar. É de joelho que a Igreja de Cristo avança. Foi Lionel Fletcher que escreveu:
"Todos os grandes ganhadores de almas através dos séculos foram homens e mulheres incansáveis na oração. Conheço como homens de oração quase todos os pregadores de êxodo da geração atual. tanto como as da geração próxima passada, e sei que, igualmente, foram  homens de intensa oração.
"Certo evangelista tocou-me profundamente a alma quando eu era ainda jovem repórter dum diário. Esse evangelista estava hospedado em casa de um pastor presbiteriano. Bati à porta e pedi para falar com o evangelista. O pastor, com foz trêmula e com o rosto iluminado por estranha luz, respondeu:
"Nunca se hospedou um homem como ele em nossa casa. Não sei quando ele dore. Se entro no seu quarto durante a noite para saber se precisa de alguma coisa, encontro-o orando. Vi-o entrar no templo cedo de manhã e não voltou para as refeições.
"Fui à igreja....Entrei furtivamente para não perturbá-lo. Achei-o sem paletó e sem colarinho. Estava caído de bruços diante do púlpito  Ouvi a sua voz como que agonizante e comovente instando como Deus em favor daquela cidade de garimpeiros, para que dirigisse almas ao Salvador. Tinha orado toda noite; tinha orado e jejuado o dia inteiro.
"Aproximei-me furtivamente do lugar aonde ele orava prostrado, ajoelhei-me e pus a mão sobre o seu ombro. O suor caía-lhe pelo corpo. Ele nunca me tinha visto, mas fitou-me por momento e então rogou: 'Ore comigo, irmão! Não posso viver se esta cidade não se chegar a Deus.' Pregara ali vinte dias sem haver conversões. Ajoelhei-me ao seu lado e oramos juntos. Nunca ouvira alguém insiste tanto como ele. Voltei de lá assombrado, humilhado e estremecendo.
"Aquela noite assisti ao culto no grande templo onde ele pregou. Ninguém sabia que ele não comera durante o dia inteiro, que não dormira durante a noite anterior. Mas, ao levantar-se para pregar, ouvi diversos ouvintes dizerem: 'A luz do seu rosto não é da terra!' E não era mesmo. Ele era conceituado instrutor bíblico, mas não tinha o dom de pregar. Porém, nessa noite, enquanto pregava, o auditório inteiro foi tomado pelo poder de Deus. Foi a primeira grande colheita de almas que presenciei."
Há muitas testemunhas oculares do fato de Deus continuar a responder às orações como no tempo de Lutero, Edwards e Judson. Transcrevemos aqui o seguinte comentário publicado em certo jornal:
"A irmã Dabney é uma crente humilde que se dedica a orar...Seu marido, pastor de uma grande igreja, foi chamado para abrir a obra em um subúrbio habitado por pobres. No primeiro culto não havia nenhum ouvinte: somente ele e ela assistiram. Ficaram desenganados. Era um campo dificílimo: o povo não era somente pobre, mas depravado também. A irmã Dabney viu que não havia esperança a não ser clamar ao Senhor, e resolveu dedica-se persistentemente à oração. Fez um voto a Deus que, se Ele atraísse os pecadores aos cultos e os salvasse, ela se entregaria à oração e jejuaria três dias e três noites, no templo, todas as semanas, durante um período de três anos.
"Logo, que essa esposa de um pastor angustiado começou a orar, sozinha, no salão de cultos, Deus começou a  operar, enviando pecadores, a ponto de o salão ficar superlotado de ouvintes. seu marido pediu que orasse ao Senhor e pedisse um salão maior. Deus moveu o coração de um comerciante para desocupar o prédio fronteiro ao salão, cedendo-o para os cultos. Continuou a orar e a jejuar três vezes por semana, e aconteceu que o salão maior também não comportava os auditórios. Seu marido rogou-lhe novamente que orasse e pedisse um edifício onde todos quantos desejassem assistir aos cultos pudessem entrar. Ela orou e Deus lhes deu um grande templo situado  na rua principal desse subúrbio. No novo templo, também a assistência aumentou a ponto de muitos dos ouvintes serem obrigados assistir as pregações de pé, na rua. Muitos foram libertos do pecado e batizados."
Quando os crentes sentem dores em oração, é que renascem almas. "Aqueles que semeiam em lágrimas, com júbilo ceifaram."
"O soluço de um bilhão de almas na terra me soa aos ouvidos e comove o coração; esforço-me, pelo auxílio de Deus, para avaliar, ao menos em parte, as densas trevas, a extrema miséria e o indescritível desespero desses mil milhões de almas sem Cristo. Medita, irmão, sobre o amor do Mestre, amor profundo como o mar; contempla o horripilante espetáculo do desespero dos povos perdidos, até não poderes censurar, até não poderes descansar, até não poderes dormir."
Sentindo as necessidades dos homens que pereceram sem Cristo, foi que Carlos Inwood escreveu o que lemos acima, e é por essa razão que se abrasa a alma dos heróis da igreja de Cristo através dos séculos.
Na campanha do Piemonte, Napoleão dirigiu-se aos seus soldados com as seguintes palavras: "Ganhaste sangrentas batalhas, sem canhões, atravessaste caudalosos rios sem pontes, marchaste incríveis distância descalços, acampaste inúmeras vezes sem coisa alguma para comer, tudo graças à vossa audaciosa perseverança! Mas, guerreiros, é como se não tivéssemos feito coisa alguma, pois resta ainda muito para alcançarmos!"
Guerreiros da causa santa, nós podemos dizer o mesmo: é como se não tivéssemos feito coisa alguma. A audaciosa perseverança é-nos ainda indispensável; há mais mas algumas para salvar atualmente do que no tempo de Müller. de Livingstone, de Paton, de Spurgeon e de Moody.
"Ai de mim, se não anunciar o Evangelho!" (Coríntios 9.16).
Não podemos tampar os ouvidos espirituais para não ouvir o choro e os suspiros de mais de um bilhão de almas na terra que não conhecem o caminho para o lar celestial.

  • continuaremos depois..............Ana Paula





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