sexta-feira, 26 de julho de 2013


Conflito na família

INTRODUÇÃO

Deus instituiu a família visando o bem estar do homem. O propósito de Deus era que o homem vivesse em paz e
harmonia com a esposa e os filhos. Mas, desde a Queda (Gn 3.1-7), as famílias passaram a experimentar conflitos,
dissabores e aflições, tais como: violência, divórcio, vícios, infidelidade conjugal, rebeldia dos filhos, dívidas, dentre
outros. Nesta lição, veremos o significado do termo “conflito”, exemplos de conflitos familiares, suas causas, e, como
podemos superá-los.

I – DEFINIÇÃO E EXEMPLOS DE CONFLITOS FAMILIARES

O termo grego para a palavra conflito é agõn que também pode ser traduzida por “combate” e encontra-se nos
seguintes textos (Fp 1.30; I Ts 2.2; Cl 2.1). Aurélio define conflito como “combate”, “desavença” ou “discórdia”.
Encontramos na Bíblia, diversos exemplos de conflitos familiares, tais como:
O assassinato de Abel, por seu irmão Caim (Gn 4.8,9);
A crise conjugal entre Abraão e Sara, por causa de Hagar (Gn 16.5,6; 21.9-21);
As desavenças entre Esaú e Jacó, por causa da bênção da primogenitura (Gn 27.1-46);
Os conflitos entre Raquel e Jacó, porque ela não gerava filhos (Gn 30.1);
Discórdias entre Jacó e seu sogro Labão, por causa dos rebanhos (Gn 31.1-55);
O envolvimento de Diná, filha de Jacó, com Hamor e a consequente traição de Simeão e Levi (Gn 34.1-31);
O incesto de Rubem, filho de Jacó, com Bila, concubina de seu pai (Gn 35.22);
A inveja dos irmãos de José, a ponto de vendê-lo para os ismaelitas e mentirem para seu pai (Gn 37.1-36);
A rebeldia dos filhos de Eli (I Sm 2.12-17, 22-24);
O incesto entre Amnom e Tamar (II Sm 13.1-14), filhos de Davi;
O plano de Absalão para matar seu irmão Amnom (II Sm 13.23-29);
A traição de Absalão (II Sm 15.1-37) e Adonias (I Rs 1.5-9), filhos de Davi; dentre outros.
Estes e outros exemplos nos ensinam que: (1) os conflitos familiares existem desde os tempos mais remotos;
(2) até mesmo os grandes homens de Deus enfrentaram crises e problemas familiares; logo, nós também não estamos
isentos; (3) Os conflitos familiares ocorrem, não apenas por causa dos ataques do inimigo, mas, também, pelo mau
procedimento dos membros da família. Se não fora a inveja de Caim (Gn 4.5); a precipitação de Sara aconselhando
Abraão possuir Hagar (Gn 16.1-4); a preferência de Rebeca por Jacó (Gn 25.28); a cobiça e ambição dos filhos de Davi
(II Sm 13.1-14; II Sm 15.1-37; I Rs 1.5-9), muitos males poderiam ser evitados.
II – CONFLITOS FAMILIARES NA ÁREA CONJUGAL
2.1 Ira. Casamento é a união de duas pessoas de sexos opostos, imperfeitas, e, geralmente, de temperamentos diferentes.
Por isso, é comum surgirem os atritos conjugais, inclusive a ira. O apóstolo Paulo reconheceu que é possível um crente
irar-se, quando disse: “Irai-vos, e não pequeis; não se ponha o sol sobre a vossa ira” (Ef 4.26). O termo grego para ira é
thumos e significa “raiva” ou “fúria” que podem acarretar em agressões físicas e verbais. A Palavra de Deus nos adverte
quanto aos perigos da ira e como podemos superá-la (Sl 37.8; Pv 1919; 29.22; Ec 7.9; Ef 4.31; 6.4; Cl 3.8; Tg 1.19).
2.2 Orgulho. Do grego, alazonia ou alazoneia. O termo é traduzido em (I Jo 2.16) por “soberba”. Uma pessoa orgulhosa
é aquela que possui um amor próprio demasiado, a ponto de pensar somente em si. O orgulho foi o primeiro sentimento
pecaminoso a ser introduzido no universo (Ez 28.17) e é uma das características dos homens dos últimos tempos (II Tm
3.1-5). O antídoto contra o orgulho é o amor recíproco e verdadeiro, que, de acordo com o ensino paulino, não busca os
seus interesses (I Co 13.5).
2.3 Ciúme. Este termo deriva-se do grego zeloo e do latim zelumen e significa “zelo por alguma coisa”. Em certo
aspecto, o ciúme é um sentimento positivo, quando se trata de um cuidado com a pessoa amada. A própria Bíblia diz que
o Espírito Santo tem ciúmes (zelo) de nós (Tg 4.5). No entanto, o ciúme humano, muitas vezes, ultrapassa a barreira do
amoroso cuidado, torna-se possessivo e doentio, e tem sido a causa de muitas tragédias nos lares. O antídoto contra o
ciúme é o amor. O apóstolo Paulo diz que “o amor não arde em ciúmes” (I Co 13.4 - Almeida Revista e Atualizada).

III - CONFLITOS FAMILIARES NA ÁREA FINANCEIRA

3.1 Dívidas. Muitas famílias encontram-se endividadas, por causa do uso irracional de benefícios oferecidos pelo
mercado, como: cartão de crédito, cheque pré-datado, crediário, empréstimos, etc. As dívidas podem causar muitos males
aos lares, tais como: desequilíbrio financeiro, inadimplência, intranquilidade; provocando até doenças psicossomáticas e
desavenças no lar; perda de autoridade e mau testemunho perante os ímpios (Pv 6.1-5; 11.15; 22.7).
3.2 Compulsividade. Compulsividade é o “consumo exagerado”. É a “tendência a comprar exageradamente”. O
consumismo é um descontrole para adquirir bens, serviços e produtos de forma indiscriminada, na tentativa de realizar-se
emocionalmente. Geralmente, pessoas fragilizadas por alguma intempérie da vida, são tendenciosas a buscarem no
consumo dos bens materiais a satisfação para o vazio da alma. No entanto, elas acabam endividadas, frustradas e
desesperadas.
3.3 Avareza. É o amor ao dinheiro, que causa uma verdadeira escravidão e dependência. “Por que o amor ao dinheiro é
a raiz de toda espécie de males; e nessa cobiça alguns de desviaram da fé e se transpassaram a si mesmos com muitas
dores” (I Tm 6.9,10). Deus não condena o dinheiro em si, mas, a ambição, cobiça, exploração, e usura. Abraão era
homem muito rico; Jó era riquíssimo, antes e depois de sua provação (Jó 1.3,10; 42.10); Davi, Salomão e outros reis
acumularam bens e nenhum deles foi condenado por isto. O que a Bíblia condena é a ambição desenfreada pelos bens
(Pv 28.20; Dt 8.11; Pv 11.28; Mc 4.19; Pv 23.4,5; Pv 28.11; Pv 5.10).
3.4 Como superar os conflitos na área financeira.
Sendo dizimistas fiéis (Pv 3.9; Ml 3.10,11); Contentando-se com o que tem (Fp 4.11);
Respeitando as prioridades (Is 55.2; Ag 1.4-11); Economizando e fazendo reservas (Gn 41.33-35);
Evitando desperdício (Jo 6.12; Lc 15.13,14); Planejando os gastos (Lc 14.28-32).

IV – CONFLITOS FAMILIARES NA ÁREA DA EDUCAÇÃO DOS FILHOS

4.1 A falta de disciplina no lar. Um dos principais problemas que atingem os lares é a falta de disciplina. Segundo
Aurélio, disciplina é “um regime de ordem imposta ou livremente consentida”; “uma ordem que convém ao
funcionamento regular de uma organização, observância de preceitos e normas, ensino, instrução, educação,
correção, discipular” ou “o treinamento que melhora, molda, fortalece e aperfeiçoa o caráter”. A disciplina serve para
manter o perfeito funcionamento do lugar onde ela é aplicada, principalmente, no lar. Quando a disciplina cristã é
deficiente, ou não existe, inevitavelmente ocorre a rebeldia dos filhos. Podemos observar isto nos seguintes exemplos que
a Bíblia nos apresenta:
4.1.1 Davi. Um dos reis mais conhecidos na história de Israel; um guerreiro notável; um homem “segundo o coração de
Deus” (I Sm 13.14). Porém, falhou na aplicação da disciplina dos seus filhos: (1) Ele não agiu quando Amnom estuprou
a sua meia-irmã, Tamar. Davi “ficou indignado” com ele, (II Sm. 13. 21), mas, depois do estupro Tamar foi acolhida por
seu irmão Absalão, e não pelo seu pai (II Sm. 13. 20-22); (2) Davi ignorou o ódio e os planos de Absalão para matar
Amnom. Apesar de chorar muito pela perda de Amnom (II Sm 13.36-37; 18.33-19.8), ele não corrigiu o seu filho
Absalão; (3) Quanto a Adonias, a Bíblia diz que “seu pai Davi nunca o havia contrariado; nunca lhe perguntava: Por
que você age assim?” (I Rs 1.6).
4.1.2 Eli. Apesar de ser sacerdote em Israel, e ter conhecimento dos pecados que seus filhos cometiam, nunca os corrigiu
(I Sm 2.28,29). Eli é um exemplo de pai: (1) Ausente. Ele sempre esteve muito ocupado com os filhos dos outros, e
esqueceu-se dos seus (I Sm 1.9); (2) Omisso. Ele não abriu seus olhos para os sinais de perigo dentro do seu lar (I Sm
2.22-24); (3) Conivente. Eli sabia o que seus filhos faziam, mas não os corrigiu (I Sm 2.22).
Estes males podem ser evitados quando os pais educam seus filhos no caminho do Senhor, como Eunice (I Tm
4.5,6; II Tm 3.15); instruem seus filhos, como recomendou Salomão (Pv 22.6); ensinam as Sagradas Escrituras (Dt 4.9;
6.5-8); disciplina (Pv 19.18; 29.17; 22.15; 23.13,14; 29.15); intercede (Jó 1.5); e, acima de tudo, ama-os.

CONCLUSÃO

Como pudemos ver, os conflitos familiares existem desde os tempos antigos, e estiveram presentes, inclusive, nos
lares dos servos de Deus, como Abraão, Jacó, Davi e outros. Eles ocorrem, não apenas por causa dos ataques do inimigo,
mas, também, pelo mau procedimento dos membros da família; por causa das obras da carne, tais como: ira, orgulho,
ciúmes e avareza; e pela falta de disciplina nos lares. Por isso, devemos estar vigilantes quanto as investidas do maligno,

que tenta destruir os lares; mas, também, firmar o propósito de obedecer os mandamentos bíblicos para a família.

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